sábado, 10 de julho de 2010

"DEIXEI ATRÁS OS ERROS DO QUE FUI"

Mais de uma semana sem postar nada aqui, apenas comentando no blog de amigos e encontrando inspirações.
Visitei o blog "Dias genéricos", da Patrícia Gonçalves e li "Cabelos ao vento".
Que texto lindo! E, embora escritas completamente diferentes, linkei com um outro texto, do blog "Enfim, 40" intitulado "Sou, mas sou sagrada".

Há, no ar, um grito de liberdade, de adeus aos pudores, de livrar-se das amarras, uma necessidade de entregar-se a si mesmo, de corpo, alma e mente.
Sinto que nossa natureza está sufocada sob essa sociedade - gente castradora: não faça isso, comporte-se assim, sente-se direito, não fale alto, estude, seja o melhor, ganhe dinheiro... E EU? ONDE FICO NISSO TUDO, CARALHO?
Não há vontade própria, há regras a serem cumpridas e cobranças de onde nem se espera.
Crescemos em meio a tudo isso, é onde entram os pudores, as amarras e o desejo (in)consciente de querer os cabelos ao vento - mesmo sendo careca.
Chego a ter saudades da infância, com sua inocência e lógica perfeitas, saídas que todos acham lindas, engraçadas, mas que se perdem quando crescemos (Por quê?). Tenho me divertido muito com o blog "Jujubas do Thomaz e da Anita" - a leitura me proporciona um sentimento de ser despretenciosamente livre.

Axé às crianças e à criança que em mim há.
Axé da natureza, que minha natureza de mim não se vá
Axé à ti, que por aqui passa e voltará.
Axé!
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DEIXEI ATRÁS OS ERROS DO QUE FUI

Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.

Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que fui cada vizinho.

Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

Fernando Pessoa.

7 comentários:

carmen silvia presotto disse...

É, Saulo!!! Que nunca adulteremos a nossa criança, assim seguiremos mais livres e felizes aos ventos de nossas mudanças.

Um beijo,sempre bom te ler, e obrigada pelo poema de Pessoa que encaixou perfeito ao teu prosear poético.

Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br

s a u l o t a v e i r a disse...

Carmen, sempre carinhosa e presente. Um prazer recebê-la aqui. Tuas palavras de incentivo são lindas. Obrigado sempre.

Um beijo grande.

Patrícia Gonçalves disse...

Saulo, bom chegar aqui e ver a referência aos meus blogs. Sabe, deu uma coisa boa, um sentimento de quem anda de mão dada, despreocupada, fazendo companhia pelo caminho.

Muito bom te ler aqui e nos comentários, as crianças já querem saber quem é você.

Sabe, eu acho que somente a vida nos traz a sabedoria necessária para ligarmos o foda-se, e seguir adiante. E, isso só foi acontecer comigo bem recentemente. Os bônus dos anos que chegam...

É interessante, crescemos e a eterna criança meio tímida, ingênua ainda vive em nós e acabamos nos comportando na vida algumas vezes, como se estivéssemos na sala de aula da escola, lá atrás, quando tínhamos insegurança de responder a professora.

Crescemos, temos que lembrar que não precisamos mais nos intimidar perante a figura autoritária da professora, seja lá quem a represente hoje.

É respirar fundo e ser, deixar o vento passear pelos cabelos, mesmo sendo careca!

Bom tê-lo como carona no passeio, se eu estiver correndo demais me avise!

beijo grande

s a u l o t a v e i r a disse...

Olha Patrícia, sinto mesmo que estamos de mãos dadas, despreocupadamente, engraçado que comentei isso com o Marcio sobre o teu blog, não com essas palavras, mas foi isso. rsrs Belas coincidências.
Tento manter a criança viva, sem medo, e como você disse, os anos estão chegando, estou descobrindo mais a criança, e liberando mais o foda-se.
Bem, quanto a velocidade, tô no carona; me leve, confio em você.

Beijo.

Anônimo disse...

"...o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho..."

(Cazuza e Frejat - Poema)

s a u l o t a v e i r a disse...

Não perdamos a criança, tenhamos sempre amor - o que fica teu em mim, e que não tem fim.

Obrigado Marcio, sempre.

Anônimo disse...

"inocência e lógica perfeitas". Não me saem da cabeça estas tuas palavras. Fico pensando como seria o mundo se ambas (a inocência e a lógica) voltassem a ser eternas.