domingo, 25 de julho de 2010

Revelando-me por terceira.

passos de lib(v)erdades…

“As pessoas estão a serviço das coisas”
Eduardo Galeano













Passos de Lib(v)erdades

Pessoas a serviço das coisas
criações pensantes
mutantes fantoches da real(i)dade
vivos-experts-seres
que brilham sem imaginação.

Coisas andantes
robóticos tereres
geradores de um mundo sombrio
e calculável.

Passos sem lib(v)erdades
mutiladores de Eros
vidas de espectros
pais de catálogos!

Homens da Lua
amarras invisíveis
enCAVERNAdores do Sol
nada será surpresa…

Seus ecos
sussurros
rasgos de memória
refletirão das cinzas em teclas ou visíveis botões.

Hei!

Tomara que uma de suas criaturas
parida feito refugo de uma série
busque na origem
matar seus velhos fantasmas.

Hei

Tomara que um cego homem
feito Édipo
desenho contornos desconhecidos
e apague suas sombrias passadas.

Hei

Tomara que um dia
toda a natureza agradeça
por um cair de noite
e
sem gritos de liberdade
a Terra brote de amanheceres
eternizando a Vida!

Poema de Carmen Silvia Presotto


Nunca republiquei ninguém, mas esse poema, dessa poeta: Carmen Silvia Presotto, me chamou a atenção.
Somos, quase todos, "mutantes fantoches da real(i)dade... que brilham sem imaginação". Poucos os que "buscam em sua origem matar seus velhos fantasmas", e tenho a sorte de ter alguém assim comigo - mata o fantasma e mostra o pau.(rsrs) E sinto, às vezes, não dar o devido valor a esse ser maravilhoso e, infelizmente sim, valorizar "Coisas andantes ... geradores de um mundo sombrio e calculável". Que escolhas fazemos! Que escolha fiz!
Tenho usado o espaço pra me revelar e, no entanto, não tenho tido a coragem necessária para adotar a postura que penso ser a correta. Preciso dar mais "passos de lib(v)erdades". Me recuso a continuar com minhas "amarras invisíveis", encavernar o sol não é natural. Que ele brilhe, que me queime a pele, que me faça brilhar ou, ao menos, refletí-lo.

Obrigado Carmen, me revelo por tuas palavras tão sabiamente colocadas. Ou tuas palavras revelaram a mim?. Sei que a troca segue. E você, mais uma vez, nos presenteando.

Beijo grande.

Link do poema: http://vidraguas.com.br/wordpress/2010/07/23/passos-de-libverdades/

10 comentários:

carmen silvia presotto disse...

Saulo Querido, sabemos que a Poesia conVersa, mas fico muito feliz quando ela, sabiamente, é deglutida verso a verso, passo a passo para sefuir iluminando o olhar dos que nos leem.

Que o sol siga brilhando por tuas palavras e atos, assim um mundo melhor faremos, a nós, e a quem com conosco estiver.

Um beijo grande e obrigada por estar em tuas Reflexões, em teu carinho e em Partituras.

Seguimos!!!

Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br

Lua Nova disse...

Bem, te encontrei em minhas andanças por aí. Vim conhecer teu blog e gostei . Você, assim como eu, está em busca das lib(v)erdades
que, reveladas, nos fazem ter na alma os amanheceres que eternizam a vida. Além da poesia inteligente e linda, me encantou a tua interpretação dela, como ela te ajudou (aparentemente) a identificar alguns fantasmas a eliminar. Além disso, como é bom nos darmos conta de que temos a nosso lado a pessoa certa, aquela que desencaverna um sol só para nós.
Quero te convidar para conhecer meu blog e, aproveitando o friozinho, tomar um chocolate comigo.
Beijos.
Seguindo...

Anônimo disse...

Desculpa...
(Fabrício Carpinejar)

"Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi muito
profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente,
rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Onde ficam seus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar vivo e permanecer
Te olhando profundamente."

Anônimo disse...

Revelei-me também por terceiro.
:)

Anônimo disse...

"pessoa que desencaverna um sol só para nós" disse a Lua Nova, leu isso?

Traduz exatamente esse processo de revelação por intermédio alheio, sobre o qual você falou.

s a u l o t a v e i r a disse...

Querida Carmen, conVerso com tua poesia, o que não é difícil; você emociona. E também, percebo que vc me deglute, conVersa com meus textos. Obrigado pelo carinho que sempre dispensa a mim. Obrigado pelas poesias e textos sempre bem escolhidos e publicados em Vidráguas.

Grande beijo.
Seguimos.

s a u l o t a v e i r a disse...

Lua Nova, a eterna busca pela lib(v)erdade, nossos fantasmas e sua eliminaçõa. Sim, a poesia nos revela. Quanto a pessoa certa, vc tem razão. Ele desencaverna um sol e todo o sistema por/pra mim. Andei desvalorizando isso, e o poema da Carmen me fez perceber que tenho agido errado. Claro, não só o poema, muitas coisas acontecem, mas foi a forma mais bonita de ver isso.

Continue vindo aqui, irei até você. Troquemos, aprendamos.
Sigo-te.
Um beijo.

s a u l o t a v e i r a disse...

Marcio, você olha profundamente a todos e encherga coisas,até, desconcertantes. Amo tua honestidade comigo, tua inteligencia, tua beleza, delicadeza, entrega. Aprendo sempre muito com você. Esse blog mesmo é resultado-processo de mais de três anos de convivência intensa e reveladora. Se aqui me revelo é porque antes vc me ajudou a me desvendar-me.
Um eterno obrigado a ti, quem sempre desencaverna sóis, meus sóis.

Um beijo.

On Fire disse...

Po muito bom esse texto hein...realmente t leva a repensar suas escolhas...

Augusto Barros disse...

Gostei do espaço. Sigo-te. Abraços!