Passeando por blogs encontrei este: http://blogprarelaxar.blogspot.com/ e o texto/entrevista abaixo. Retirei do blog da Dama de Cinza exatamente como lá estava - exceto a foto. Até o que ela escreveu exprime bem o que quero. A Dama publica opiniões próprias e afins... Gostei do blog dela. hehe
Aproveitem, vale pensar sobre o que queremos, o que fazemos e quem somos.
Beijos a todos, aproveitem!
Li essa entrevista no blog Café com Mulheres, da Ká. Achei que expressava tão bem o que penso sobre o assunto, que eu não saberia traduzir melhor, em palavras, como foi feito por Roberto Shinyashikir. Sei que é grande, mas vale a pena pelo menos ler algumas partes, para quem não tem tempo de ler tudo.
Entrevista dada á revista ISTO É por Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
ISTOÉ – Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
ISTOÉ – O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki - Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos,empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido,mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTOÉ – Qual o resultado disso?
Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
ISTOÉ – Por quê?
Shinyashiki – O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTOÉ – Há um script estabelecido?
Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar”. É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir”. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?
ISTOÉ – Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki - Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTOÉ – Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem.
ISTOÉ – Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki - Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham”. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTOÉ – O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTOÉ – Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki - Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir mais facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.
ISTOÉ – Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTOÉ – Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz”. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.
17 comentários:
Saulo, meu querido,
Já tinha lido essa entrevista maravilhosa do Shinyashiki, que relata as condições dessas sociedades consumistas, onde a cada dia se acelera o processo de desumanização. Estamos perdidos no caos, sem identidade, pois o que prevalece são as etiquetas, cada dia mais caras.
Saudade dôce, meu lindão.
Bjssssssssss
Adorei a dica!!
Obrigada por compartilhar!
Aquela do Cafú foi realmente sensacional!
Adorei a entrevista, hoje em dia cara, as coisas são assim. O simples nunca vem em primeiro lugar, a vontade de impressionar é que predomina a vida da pessoa. Tornando-a alguém egoísta, consumista e arrogante. Mas não da pra bater cabeça com o sitema, ou jogar grande parte da culpa nele, ele está aí, existe, mas como bem disse Shinyashiki, a responsabilidade de ser feliz é 100% nossa. Acredito que tudo depende das nossas escolhas, como explicar alguém que veio lá de baixo e tornou-se herói, Cafú pra mim é um herói, mas o que fez a diferença pra ele, as escolhas. Não da pra dizer que a vida tem sido injusta, somos nós que não percebemos as oportunidades.
Grande abraço
O homem é tão insatisfeito que quando alcançar o que realmente quer de si mesmo, já estará desvalorizado. Eterna busca...
Anyway, amei a entrevista...acho sim que falta mais autoestima às pessoas
Cara... Muito bom! Bom mesmo!
¨Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.¨
PERFEITO!!!!!!!!!
Saulo eu li este artigo pelo facebook, quando você tinha acabado de fazer o post, genial, sumo de verdades, claro e reflexão ara todas as horas.
Eu sempre indico o blog da Dama, por que ela é coerente em tudo oq fala. Tenho contato via msn com ela, e partilhamos das mesmas opiniões. É sempre um prazer conversar com ela. Inteligente, bem humorada, uma ótima cia.
Li essa entrevista por lá, então passei batido...rs...me perdoe.
Vejo que vc anda meio reflexivo...é culpa do fim do ano, ou algum evento extraordinario?
abração Saulo, bom dia.
É, meu amigo, estamos num tempo em que o erro está fora do acerto... e sabemos, desde muito que é errando que marcamos os passos para seguir caminhando... o erro faz parte da descoberta, e se não aceitarmos seguiremos vivendo o mundo dos outros, o mundo das grandes ilusões... e quando acertarmos, nem perceberemos!!!
Também concordo que o mundo das aparência está tomando conta do Ser e isso é preocupante, onde vamos parar com tantos achismos e tereres?
Um beijo grande e amei estar aqui aprendendo com todas estas reflexões.
Seguimos!
"Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki - Isso vem do vazio que sentimos."
Falou pouco e disse tudo.
Um abraço Saulo!
Saulo,
Muito, mas muito bom mesmo. Que lucidez. Acertamos errando. Desacertamos quando nos convencemos.
Que bom!
Oi, Saulo!
Eu simpatizo com o Shinyashiki desde que li "O Sucesso É Ser Feliz". Há um diferencial nele, em relação a outros autores do gênero, algo que eu ainda não consigo definir em palavras mas que me faz ver sua obra com mais credibilidade.
Muito bom o texto, gostei.
Beijo, beijo.
ℓυηα
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"
você é grande.
Um mundo de aparências, simulacros e simulações, um mundo dissimulado, onde ganha quem engana mais a si a e aos os outros. Que eu tenha forças para nunca me render!
Belíssimas as visões do Shinyashiki!
Saulo, beijos de afeto e admiração!
Esse cara é formidável e gosto muito do que ele escreve e diz.
Dinheiro é bom, sem dúvida, mas não é tudo. Além do mais, se a criatura consegue trabalhar no que gosta, dificilmente não fará sucesso e dinheiro.
To morrendo de saudades de vc, bb.
Ouvi tudo de novo pra matar a saudade da tua voz. Parabéns pela homenagem e pelo poema que o Paulo fez pra vc. Eu faço minhas as palavras dele.
Muitas beijokas pra ti.
ah tha...quero um texto meu narradoor vc tb. Vou escolher um dos meus contos, bem pequeno e vou obriga-lo a narrar com essa voz bonita que Deus te deu...rs
Então o natal vai ter cia é? kkkkkkk...muito bem!!! senti no comentário que vai ser um Natalzão...rs
abraço meu amigo...
Ps.: Ninguem tira da minha cabeça a ideia de morar no Rio, mesmo que ela seja 500 x mais violenta que hoje...rs.
Saulo, escrevi hoje uma coisa para o Marcio e a Carmen e quero deixar registrado aqui também. Disse que uma das minhas alegrias este ano foi ter conhecido vocês, uma amizade virtual, mas com sentimento mais que real e espero um dia – ah! Como espero - poder abraçar vocês, tenho muita vontade de que isso aconteça. Vocês estão na lista das minhas conquistas de 2010.
Beijos, querido!
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