Tenho pensado muito sobre o tempo. Tô fazendo uma força enorme pra me separar do Cronos e me permitir o meu tempo interno, individual. É preciso reconhecer o agora.
"Tempo Pra Tudo
Fernanda Porto
Tudo neste mundo tem seu tempo
Cada coisa tem sua ocasião
Há tempo de nascer e tempo de morrer
Tempo de plantar e tempo de arrancar
Tempo de matar e tempo de curar
Tempo de derrubar e tempo de construir
Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar
Tempo de chorar e tempo de dançar
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las
Tempo de abraçar e tempo de afastar
Tempo de procurar e tempo de perder
Tempo de economizar e tempo de disperdiçar
Tempo de ficar calado e tempo de falar
Tudo é ilusão
É tudo como correr atrás do tempo
Pessoas nascem, pessoas morrerm
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O sol continua a nascer e a se pôr
e volta a seu lugar para começar tudo outra vez
O vento sopra para o sul, depois para o norte
Dá voltas e mais voltas e acaba no mesmo lugar
Todos os rios correm para o mar, porém o mar não fica cheio
A água volta para onde nascem outra vez
O que foi feito antes será feito novamente
Não há nada de novo neste mundo"
Hoje ouvi essa música da Fernanda Porto. Tô nesse momento, de entender que há tempo para tudo. A gente precisa saber a hora de se retirar pra ressurgir como uma fênix. O tempo é isso, como a fênix. Morre e renasce. Brilha, forte, do fogo, que destrói, mas à fenix constrói, cria, surge.
Tô no que chamam de "inferno astral". Completarei 28 anos e sinto que um ciclo se encerra. Logo, um novo se inicia, não se inicia, eu me reinicio com ele, com o agora - a todo instante.
Sigo adiante, confiante.
sábado, 31 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
Revelando-me por terceira.
passos de lib(v)erdades…
“As pessoas estão a serviço das coisas”
Eduardo Galeano
Passos de Lib(v)erdades
Pessoas a serviço das coisas
criações pensantes
mutantes fantoches da real(i)dade
vivos-experts-seres
que brilham sem imaginação.
Coisas andantes
robóticos tereres
geradores de um mundo sombrio
e calculável.
Passos sem lib(v)erdades
mutiladores de Eros
vidas de espectros
pais de catálogos!
Homens da Lua
amarras invisíveis
enCAVERNAdores do Sol
nada será surpresa…
Seus ecos
sussurros
rasgos de memória
refletirão das cinzas em teclas ou visíveis botões.
Hei!
Tomara que uma de suas criaturas
parida feito refugo de uma série
busque na origem
matar seus velhos fantasmas.
Hei
Tomara que um cego homem
feito Édipo
desenho contornos desconhecidos
e apague suas sombrias passadas.
Hei
Tomara que um dia
toda a natureza agradeça
por um cair de noite
e
sem gritos de liberdade
a Terra brote de amanheceres
eternizando a Vida!
Poema de Carmen Silvia Presotto
Nunca republiquei ninguém, mas esse poema, dessa poeta: Carmen Silvia Presotto, me chamou a atenção.
Somos, quase todos, "mutantes fantoches da real(i)dade... que brilham sem imaginação". Poucos os que "buscam em sua origem matar seus velhos fantasmas", e tenho a sorte de ter alguém assim comigo - mata o fantasma e mostra o pau.(rsrs) E sinto, às vezes, não dar o devido valor a esse ser maravilhoso e, infelizmente sim, valorizar "Coisas andantes ... geradores de um mundo sombrio e calculável". Que escolhas fazemos! Que escolha fiz!
Tenho usado o espaço pra me revelar e, no entanto, não tenho tido a coragem necessária para adotar a postura que penso ser a correta. Preciso dar mais "passos de lib(v)erdades". Me recuso a continuar com minhas "amarras invisíveis", encavernar o sol não é natural. Que ele brilhe, que me queime a pele, que me faça brilhar ou, ao menos, refletí-lo.
Obrigado Carmen, me revelo por tuas palavras tão sabiamente colocadas. Ou tuas palavras revelaram a mim?. Sei que a troca segue. E você, mais uma vez, nos presenteando.
Beijo grande.
Link do poema: http://vidraguas.com.br/wordpress/2010/07/23/passos-de-libverdades/
“As pessoas estão a serviço das coisas”
Eduardo Galeano
Passos de Lib(v)erdades
Pessoas a serviço das coisas
criações pensantes
mutantes fantoches da real(i)dade
vivos-experts-seres
que brilham sem imaginação.
Coisas andantes
robóticos tereres
geradores de um mundo sombrio
e calculável.
Passos sem lib(v)erdades
mutiladores de Eros
vidas de espectros
pais de catálogos!
Homens da Lua
amarras invisíveis
enCAVERNAdores do Sol
nada será surpresa…
Seus ecos
sussurros
rasgos de memória
refletirão das cinzas em teclas ou visíveis botões.
Hei!
Tomara que uma de suas criaturas
parida feito refugo de uma série
busque na origem
matar seus velhos fantasmas.
Hei
Tomara que um cego homem
feito Édipo
desenho contornos desconhecidos
e apague suas sombrias passadas.
Hei
Tomara que um dia
toda a natureza agradeça
por um cair de noite
e
sem gritos de liberdade
a Terra brote de amanheceres
eternizando a Vida!
Poema de Carmen Silvia Presotto
Nunca republiquei ninguém, mas esse poema, dessa poeta: Carmen Silvia Presotto, me chamou a atenção.
Somos, quase todos, "mutantes fantoches da real(i)dade... que brilham sem imaginação". Poucos os que "buscam em sua origem matar seus velhos fantasmas", e tenho a sorte de ter alguém assim comigo - mata o fantasma e mostra o pau.(rsrs) E sinto, às vezes, não dar o devido valor a esse ser maravilhoso e, infelizmente sim, valorizar "Coisas andantes ... geradores de um mundo sombrio e calculável". Que escolhas fazemos! Que escolha fiz!
Tenho usado o espaço pra me revelar e, no entanto, não tenho tido a coragem necessária para adotar a postura que penso ser a correta. Preciso dar mais "passos de lib(v)erdades". Me recuso a continuar com minhas "amarras invisíveis", encavernar o sol não é natural. Que ele brilhe, que me queime a pele, que me faça brilhar ou, ao menos, refletí-lo.
Obrigado Carmen, me revelo por tuas palavras tão sabiamente colocadas. Ou tuas palavras revelaram a mim?. Sei que a troca segue. E você, mais uma vez, nos presenteando.
Beijo grande.
Link do poema: http://vidraguas.com.br/wordpress/2010/07/23/passos-de-libverdades/
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Revelando-me IV
Monólogo de Orfeu - Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Me uso como exemplo, me exponho e lanço a dúvida pra gerar mesmo a reflexão, me tiro do armário afim de que a verdade sempre se apresente e o faço há, pelo menos, uma década, embora aprendendo a valorizar isso somente agora. Bem, é a inteção com a única pretenção de produzir o pensar.
Verdade minha que não é necessariamente sua, mas é esse o meu espaço de catarse.
Enfim, falo de mim e daqueles nos quais me reconheço "narcisicamente", e se há alguém que muito tem mexido comigo, é a Maria Bethânia.
Encontrei, como que por acaso, uma entrevista dela à Playboy de novembro de 1996. A entrevista é maravilhosa, perfeita, que sobriedade, seriedade, ética, teatralidade, segurança, controle. Descobri uma identificação sem igual com essa mulher, percebo muito em comum, existe uma dedicação, um aprender de ofício, uma ruptura de padrões... tá, eu sei que Bethânia é única, mas relato uma identificação inexplicável da minha parte.
Curioso como há grandes pontos de contato, escrevi, há pouco que não mudaria nada físico em mim, ela diz isso na entrevista, chegar até onde chegou, sem problemas ou neuras. “Convivo muito bem comigo, não me atrapalho em nada” Isso é ótimo, tenho, ao menos, tentado fazer o mesmo em vários campos do meu existir. Também há outro ponto alto: “Tudo pra mim tem que ter teatro.” Achei, sinceramente, fantástico. Criar sobre, não é puramente encenar, fingir; é envolver, significar, enaltecer, valorizar. Cada momento é mágico, a vida é teatro, cada um protagonista de si. Essa força que vem dela e me toma, essa vida, independência... Costumo dizer que a Elba Ramalho me transmite sexualidade, energia sexual mesmo, pura e simples, acho-a muito “viril” – sexualmente me expressando. Já a Bethânia tem uma liberdade, uma não culpa em suas ações, em seu pensar, agir no palco e fora dele. Claro, há consequências e sei exatamente quais são; as cobranças, a pior das consequências, vêm de toda parte, de nós mesmos, buscando a auto-superação sendo cada vez mais brilhantes, e assim, também, uma aprovação sabe-se lá de quem. (Bem, sempre sabemos, mas já não me interessa mais. Não quero corresponder expectativas). Não é à toa que gostamos de palco, que venho aqui e me uso, me exponho, chamo a atenção pra mim, me faço centro. É engraçado ser estranho entre tantos outros estranhos. Descobrir comportamentos e características antes criticadas por vergonha ou pudor - detesto ditos, mas "quem desdenha quer comprar".
Sobre a Maria, percebo-me escrevendo como se fosse íntimo dela, mas a identificação com a persona Bethânia é tamanha que me sinto, quase, escrevendo sobre parte de mim. Eu e Maricotinha somos maravilhosos! KKKK
Outra maravilha, a paixão – sinto que tenho que estar apaixonado por algo! Nesse momento, que escrevo, me acende uma luz: minhas paixões, descubro agora, viram manias, neuras até. Penso nisso ou naquilo o dia todo. Quero realizar, conseguir, sei lá o que fazer, mas algo aprontarei. A paixão pode ser por alguém, por algo – idéia, coisa - assim foi até eu descobrir a arte e conseguir canalizar melhor essa força. Sempre com paixão, claro.
Cada dia me descubro mais, me revelo, me exponho a mim. Descubro vaidades, vontades, belezas, passo a valorizar características que escondia ou subestimava... como disse a Tianne no comentário pra mim da penúltima postagem: "Nada de falsa modéstia, nada de falso pudor...Sê belo,sê verdadeiro, sê inteiro...Essa,a maior beleza. Nada de "apreciar com moderação". Embriague-se, mas não se perca de si."
Tenho aprendido a me embriagar de mim e até mesmo tentado me perder em mim mesmo. São anos de auto-desmerecimento, subestimação, enfim, esse é o local de eliminação do coitadinho, sem lamúrias; e nada disso tem a ver com a postagem.
Bethânia, ao menos no palco, em sua arte (infelizmente não a conheço pessoalmente, por isso a limitação na fala) é inteira, sem sombra de dúvidas. Ela transpira, inspira-nos, se entrega, nos arrebata. Eu, particularmente, fico hipnotizado por ela. Se ponho o DVD pra tocar, as imagens me absorvem e deixo queimar até o arroz e o feijão.
O curioso é que o meu Narciso se reconhece, muitas vezes, nas mulheres. Tenho paixão por esses seres. Acredito que isso se deva pela forte presença de duas mulheres em minha vida - que me lembram a Bethânia, ou na forma de se vestir, ou na postura, no pensar, na firmeza, na entrega, na coragem - duas tias: Telma Taveira e Iria Selma.
Penso que, em nossa sociedade, a mulher conquistou um espaço de maior expressão de si, de maior espontaneidade. O homem tem sempre que ser macho: não chorar, não rir alto, não expor os sentimentos. (sociedade é massa, massa lembra controle que lembra unanimidade que me faz lembrar que esta é burra.) É, pensam que o homem não sofre castrações e cobranças, se enganam. E dentro de mim (muito castrada) há vida espontânea tão forte que tenho vontade de explodir. Administrar isso é complicado. Mais ainda, quando não entendido, os rótulos estão a solta, voando pelos ares como folhas caindo pós primavera.
Link para a entrevista: http://www.diamanteverdadeiro.hpg.ig.com.br/playboy.html
Link para o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=KUTiKPPDld4&feature=related
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Revelando
quarta-feira, 21 de julho de 2010
AMIGOS, FELIZES AMIGOS.
O dia hoje foi atribulado, mas todos estiveram em meus pensamentos.
FELIZ DIA DO AMIGO!
Sigamos presenteando uns aos outros com palavras, poesias, afagos, carinhos.
Bjus.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Revelando-me III
Sabe? Não gosto do significado dado ao verbete Narcisismo - "homem muito vaidoso; amor mórbido por si".
É humano ser narcisista, é revelador, é amor a mim e a você, e a Deus - sou criatura à Sua semelhança.
Tá bom, religioso demais, é influência do Padre José, minha personagem na peça "A Igreja bem assombrada", de Jomar Magalhães. Mas vale mesmo esse auto-amor, auto-tesão, auto-admiração. Gosto do meu corpo. Tá legal, a barriguinha que cresce não é linda, mas também não incomoda, não cego nem neurótico. Jamais faria plástica pra mudar algo, não faria absolutamente nada em mim. Também não digo que sou um deus, mas entendo o narcisismo não só externamente. A auto-apreciação é também no jeito de ser. Assumir, pra mim, a beleza da minha voz (como fiz no último post) é uma atitude narcisista; admirar um artista, reconhecer-se nele, é narcisista. Admiramos o outro pelo que reconhecemos, muitas vezes, de semelhante conosco, isso é narcisismo.
Natural. Não procuramos a diferença, fugimos dela, embora a mesma nos proporcione reflexão e crescimento.
É importante que entendamos narcisismo não como egocentrismo - centro do universo - mas como a simples apreciação de si; também não o amor mórbido referido ao verbete. Penso ser leviano, até, fechar a significação da palavra, Narciso apenas viu o que lhe era dito, pôde admirar em si o que tantos admiravam.
Ou é apenas um conto moral gay greco-romano:
"Versão arcaica
Esta, uma versão mais arcaica do que a contada por Ovídio nas suas Metamorfoses, é um conto moral no qual o orgulhoso e insensível Narciso é punido por ter desprezado todos os seus pretendentes masculinos. Pensa-se que era um conto de aviso dirigido aos rapazes adolescentes. Até recentemente, a única fonte desta versão era um segmento em Pausânias (9.31.7), cerca de 150 anos após Ovídio. Contudo, um relato muito parecido foi descoberto entre os papiros de Oxyrhynchus em 2004, um relato que antecede a versão de Ovídio por pelo menos quinze anos.
Nesta história, Amantis, um jovem, amava Narciso mas era desprezado. Para se livrar do chato Amantis, Narciso deu-lhe uma espada de presente. Amantis usou essa espada para se matar à porta de Narciso e rogou a Némesis que Narciso conhecesse um dia a dor do amor não correspondido. Esta maldição foi cumprida quando Narciso ficou encantado pelo seu reflexo na lagoa e tentou seduzir o belo rapaz, não se apercebendo de que aquele que ele olhava era ele próprio. Completando a simetria do conto, Narciso toma a sua espada e mata-se por desgosto
Diferentes versões da história dizem que Narciso, após desdenhar os seus pretendentes masculinos, foi amaldiçoado pelos deuses para amar o primeiro homem em que pousasse os olhos. Enquanto caminhava pelos jardins de Eco, descobriu a lagoa de Eco e viu o seu reflexo na água. Apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se cada vez mais para o seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e se afogar."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Narciso
Esse conto moral apenas prova, e qualquer uma de suas versões, que há uma cultura de não valorização de si, de suas aptidões próprias. Há um falso moralismo, uma falsa modéstia afim de castrar o outro. Não há nada mais violento como, aprendei isso no blog da cantora Marina Lima, IMOBILIZAR o outro, e isso, nossa pseudo-cultura-educação o faz muitíssimo bem. Sem contar a nossa religião que trabalha sobre a culpa.
Acabo como comecei: é humano ser narcisista, sou criatua à Sua semelhança.
É humano ser narcisista, é revelador, é amor a mim e a você, e a Deus - sou criatura à Sua semelhança.
Tá bom, religioso demais, é influência do Padre José, minha personagem na peça "A Igreja bem assombrada", de Jomar Magalhães. Mas vale mesmo esse auto-amor, auto-tesão, auto-admiração. Gosto do meu corpo. Tá legal, a barriguinha que cresce não é linda, mas também não incomoda, não cego nem neurótico. Jamais faria plástica pra mudar algo, não faria absolutamente nada em mim. Também não digo que sou um deus, mas entendo o narcisismo não só externamente. A auto-apreciação é também no jeito de ser. Assumir, pra mim, a beleza da minha voz (como fiz no último post) é uma atitude narcisista; admirar um artista, reconhecer-se nele, é narcisista. Admiramos o outro pelo que reconhecemos, muitas vezes, de semelhante conosco, isso é narcisismo.
Natural. Não procuramos a diferença, fugimos dela, embora a mesma nos proporcione reflexão e crescimento.
É importante que entendamos narcisismo não como egocentrismo - centro do universo - mas como a simples apreciação de si; também não o amor mórbido referido ao verbete. Penso ser leviano, até, fechar a significação da palavra, Narciso apenas viu o que lhe era dito, pôde admirar em si o que tantos admiravam.
Ou é apenas um conto moral gay greco-romano:
"Versão arcaica
Esta, uma versão mais arcaica do que a contada por Ovídio nas suas Metamorfoses, é um conto moral no qual o orgulhoso e insensível Narciso é punido por ter desprezado todos os seus pretendentes masculinos. Pensa-se que era um conto de aviso dirigido aos rapazes adolescentes. Até recentemente, a única fonte desta versão era um segmento em Pausânias (9.31.7), cerca de 150 anos após Ovídio. Contudo, um relato muito parecido foi descoberto entre os papiros de Oxyrhynchus em 2004, um relato que antecede a versão de Ovídio por pelo menos quinze anos.
Nesta história, Amantis, um jovem, amava Narciso mas era desprezado. Para se livrar do chato Amantis, Narciso deu-lhe uma espada de presente. Amantis usou essa espada para se matar à porta de Narciso e rogou a Némesis que Narciso conhecesse um dia a dor do amor não correspondido. Esta maldição foi cumprida quando Narciso ficou encantado pelo seu reflexo na lagoa e tentou seduzir o belo rapaz, não se apercebendo de que aquele que ele olhava era ele próprio. Completando a simetria do conto, Narciso toma a sua espada e mata-se por desgosto
Diferentes versões da história dizem que Narciso, após desdenhar os seus pretendentes masculinos, foi amaldiçoado pelos deuses para amar o primeiro homem em que pousasse os olhos. Enquanto caminhava pelos jardins de Eco, descobriu a lagoa de Eco e viu o seu reflexo na água. Apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se cada vez mais para o seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e se afogar."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Narciso
Esse conto moral apenas prova, e qualquer uma de suas versões, que há uma cultura de não valorização de si, de suas aptidões próprias. Há um falso moralismo, uma falsa modéstia afim de castrar o outro. Não há nada mais violento como, aprendei isso no blog da cantora Marina Lima, IMOBILIZAR o outro, e isso, nossa pseudo-cultura-educação o faz muitíssimo bem. Sem contar a nossa religião que trabalha sobre a culpa.
Acabo como comecei: é humano ser narcisista, sou criatua à Sua semelhança.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Revelando-me II
O texto TABACARIA, de Fernando Pessoa, me diz muito sobre mim. Os trechos selecionados são:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta
[ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
(...)
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,
[e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido."
Não quero crer no tempo, mas ele é importante na nossa evolução; e o poema acima tem o tempo em si todo. Desisto de desistir, VIVA O TEMPO e tudo o que ele no traz. Chega de negações. Revelação!
Outro ponto forte, o trecho em itálico assim está no livro, mas vale o destaque. Buscamos a aprovação dos outros, o que pensam sobre nós, o que queremos que pensem sobre nós. Aviso a todos: SOU O QUE TEM QUALIDADES e o QUE NASCEU PRA TUDO. Sou homem e em cada mão trago uma sacola; em uma, um saco cheio de dúvidas, na outra, um saco transbordando possibilidades.
Beijos a todos.
Livro indicado e bibliografia - Quando fui outro - Fernando Pessoa.
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não
[pode haver tantos!
(...)
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda
[que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades
[do que Cristo.
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant
[escreveu.Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta
[ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
(...)
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,
[e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido."
Esse poema está em trechos e são os que mais me identifico, mas há versos que me causam medo: "O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão." Não quero só sonhar ou ter razão. Quero sentir que faço algo por mim e por meu habitat. O tempo está passando como um rio. Ok, dirão que só tenho quase 28 anos, e daí?, passa pra mim da mesma forma que pra você. Tenho, ainda, a urgência da juventude, seu frescor, sua ansiedade, força e desejo.
Minha cabeça fica à 1000. Essa juventuda ansiosa me cega de perceber a evolução e, embora tenha descoberto algo bom e que me difere, ainda não sei usar... volta a necessidade do TEMPO e a EXPERIÊNCIA traziada por este.Não quero crer no tempo, mas ele é importante na nossa evolução; e o poema acima tem o tempo em si todo. Desisto de desistir, VIVA O TEMPO e tudo o que ele no traz. Chega de negações. Revelação!
Outro ponto forte, o trecho em itálico assim está no livro, mas vale o destaque. Buscamos a aprovação dos outros, o que pensam sobre nós, o que queremos que pensem sobre nós. Aviso a todos: SOU O QUE TEM QUALIDADES e o QUE NASCEU PRA TUDO. Sou homem e em cada mão trago uma sacola; em uma, um saco cheio de dúvidas, na outra, um saco transbordando possibilidades.
Beijos a todos.
Livro indicado e bibliografia - Quando fui outro - Fernando Pessoa.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Revelando-me
Estou fazendo tratamento com fonoaudióloga. Muito legal, reaprender a respirar, falar... aprender a ouvir minha própria voz, admirar esse som que tantos elogiam e que eu mesmo desconhecia ou ignorava sua beleza e potencia, ou até mesmo - é o caso, confessadamente - tenho vergonha de ter algo bom e que me difere dos demais.
É bobo, eu sei, mas
Ah! OK. Tá na hora de abrir o jogo pra mim mesmo e revelar-me.
Sou leonino, vaidoso, adoro chamar a atenção, embora seja muito contido e até tímido, mas gosto, fazer o quê, negar minha natureza? Administrar é legal, negar jamais. Tenho negado muitas coisas na minha vida há algum tempo, e isso tá na hora de acabar.
Adoro o teatro porque gosto de ser centro, de estar em evidência. Adoro a locução porque tem um mistério na voz e mexe muito com a imaginação de todos - quase uma identidade secreta, quando criança queria ser agente secreto, só pra ter um segredo e ser "diferente" dos outros. Começar a assumir características que não são, necessariamente, ruins: vaidades, desejos, diferenças é o começo pra libertar-me dessas amarras. Assumir não é entregar-me aos defeitos, são características, vontades, apenas. Quem disse que não posso me achar bonito ou bonito algo em mim? Quem disse que não posso ser o centro, em cena ou fora dela? Não que seja uma necessidade, mas ocorre naturalmente e não tenho que ter vergonha disso. Esse é o ponto. Não ter vergonha de mim quando sou natural!
Há algum tempo, conversando com meu pai perguntei como estava a família na cidade onde moram, ele, muito sabiamente e num lápso de espontaneidade, respondeu: "estão bem, se melhorar estraga. Não estão acostumados com coisas melhores." Ele não sabe, mas isso foi uma porrada. Eu tenho vergonha de mim porque, apesar de querer ser bom e, naturalmente, melhor que o outro em algo - sempre somos melhores que alguém em alguma coisa e esse alguém melhor que nós em outra - aprendi que a gente não deve se mostrar (não inibir o outro), pelo menos não completamente, e não que isso tenha sido dito, a gente absorve também o que não dizem. Isso que ele falou revela a mim que revelar-me me proporcionará o melhor - melhor de mim e das coisas, me salva do comum. Me lança a querer mais, logo preciso mais de mim, imprescindível autoconhecimento.
As conversas com o Marcio, o teatro, a locução, a fono, tudo tem me trazido pra mim. Li no blog "Vórtice" algo revelador, muitos rirão, mas não é engraçado, embora óbvio: "O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos." (A Angélica Lins foi muito feliz neste post.) Entendo como olhar inteligente um olhar sem preconceitos, sem julgamentos, sem máscaras. É mesmo um "Resgate", como é intitulada a postagem. Estou nesse processo, penso que nunca sairei, ou sairemos, dele; resgatar-me de mim pra mim.
Curioso é imaginar que isso tudo surgiu apenas de um carinhoso pensamento sobre a minha Dr. Fono Kátia Capitoni que me emprestou lindos dvds da Bethânia, que tanto admiro. É dúbio mesmo, estou admirando as duas. rsrs E o post nem era pra me revelar, mas fiquei mais leve. Assumir-me, como faço com tantas outras coisas em mim é sempre bom, embora gere controvérsias sempre.
Ótimo!, a discussão traz evolução. Revele-se, aqui, aí - no próprio blog, ante o espelho, no analista... onde se sentir melhor.
Venho dizendo e vale a pena repetir: seja livre!
Brincando e refletindo X Refletindo e brincando
É bobo, eu sei, mas
Ah! OK. Tá na hora de abrir o jogo pra mim mesmo e revelar-me.
Sou leonino, vaidoso, adoro chamar a atenção, embora seja muito contido e até tímido, mas gosto, fazer o quê, negar minha natureza? Administrar é legal, negar jamais. Tenho negado muitas coisas na minha vida há algum tempo, e isso tá na hora de acabar.
Adoro o teatro porque gosto de ser centro, de estar em evidência. Adoro a locução porque tem um mistério na voz e mexe muito com a imaginação de todos - quase uma identidade secreta, quando criança queria ser agente secreto, só pra ter um segredo e ser "diferente" dos outros. Começar a assumir características que não são, necessariamente, ruins: vaidades, desejos, diferenças é o começo pra libertar-me dessas amarras. Assumir não é entregar-me aos defeitos, são características, vontades, apenas. Quem disse que não posso me achar bonito ou bonito algo em mim? Quem disse que não posso ser o centro, em cena ou fora dela? Não que seja uma necessidade, mas ocorre naturalmente e não tenho que ter vergonha disso. Esse é o ponto. Não ter vergonha de mim quando sou natural!
Há algum tempo, conversando com meu pai perguntei como estava a família na cidade onde moram, ele, muito sabiamente e num lápso de espontaneidade, respondeu: "estão bem, se melhorar estraga. Não estão acostumados com coisas melhores." Ele não sabe, mas isso foi uma porrada. Eu tenho vergonha de mim porque, apesar de querer ser bom e, naturalmente, melhor que o outro em algo - sempre somos melhores que alguém em alguma coisa e esse alguém melhor que nós em outra - aprendi que a gente não deve se mostrar (não inibir o outro), pelo menos não completamente, e não que isso tenha sido dito, a gente absorve também o que não dizem. Isso que ele falou revela a mim que revelar-me me proporcionará o melhor - melhor de mim e das coisas, me salva do comum. Me lança a querer mais, logo preciso mais de mim, imprescindível autoconhecimento.
As conversas com o Marcio, o teatro, a locução, a fono, tudo tem me trazido pra mim. Li no blog "Vórtice" algo revelador, muitos rirão, mas não é engraçado, embora óbvio: "O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos." (A Angélica Lins foi muito feliz neste post.) Entendo como olhar inteligente um olhar sem preconceitos, sem julgamentos, sem máscaras. É mesmo um "Resgate", como é intitulada a postagem. Estou nesse processo, penso que nunca sairei, ou sairemos, dele; resgatar-me de mim pra mim.
Curioso é imaginar que isso tudo surgiu apenas de um carinhoso pensamento sobre a minha Dr. Fono Kátia Capitoni que me emprestou lindos dvds da Bethânia, que tanto admiro. É dúbio mesmo, estou admirando as duas. rsrs E o post nem era pra me revelar, mas fiquei mais leve. Assumir-me, como faço com tantas outras coisas em mim é sempre bom, embora gere controvérsias sempre.
Ótimo!, a discussão traz evolução. Revele-se, aqui, aí - no próprio blog, ante o espelho, no analista... onde se sentir melhor.
Venho dizendo e vale a pena repetir: seja livre!
Brincando e refletindo X Refletindo e brincando
sábado, 10 de julho de 2010
"DEIXEI ATRÁS OS ERROS DO QUE FUI"
Mais de uma semana sem postar nada aqui, apenas comentando no blog de amigos e encontrando inspirações.
Visitei o blog "Dias genéricos", da Patrícia Gonçalves e li "Cabelos ao vento".
Que texto lindo! E, embora escritas completamente diferentes, linkei com um outro texto, do blog "Enfim, 40" intitulado "Sou, mas sou sagrada".
Há, no ar, um grito de liberdade, de adeus aos pudores, de livrar-se das amarras, uma necessidade de entregar-se a si mesmo, de corpo, alma e mente.
Sinto que nossa natureza está sufocada sob essa sociedade - gente castradora: não faça isso, comporte-se assim, sente-se direito, não fale alto, estude, seja o melhor, ganhe dinheiro... E EU? ONDE FICO NISSO TUDO, CARALHO?
Não há vontade própria, há regras a serem cumpridas e cobranças de onde nem se espera.
Crescemos em meio a tudo isso, é onde entram os pudores, as amarras e o desejo (in)consciente de querer os cabelos ao vento - mesmo sendo careca.
Chego a ter saudades da infância, com sua inocência e lógica perfeitas, saídas que todos acham lindas, engraçadas, mas que se perdem quando crescemos (Por quê?). Tenho me divertido muito com o blog "Jujubas do Thomaz e da Anita" - a leitura me proporciona um sentimento de ser despretenciosamente livre.
Axé às crianças e à criança que em mim há.
Axé da natureza, que minha natureza de mim não se vá
Axé à ti, que por aqui passa e voltará.
Axé!
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DEIXEI ATRÁS OS ERROS DO QUE FUI
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que fui cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.
Fernando Pessoa.
Visitei o blog "Dias genéricos", da Patrícia Gonçalves e li "Cabelos ao vento".
Que texto lindo! E, embora escritas completamente diferentes, linkei com um outro texto, do blog "Enfim, 40" intitulado "Sou, mas sou sagrada".
Há, no ar, um grito de liberdade, de adeus aos pudores, de livrar-se das amarras, uma necessidade de entregar-se a si mesmo, de corpo, alma e mente.
Sinto que nossa natureza está sufocada sob essa sociedade - gente castradora: não faça isso, comporte-se assim, sente-se direito, não fale alto, estude, seja o melhor, ganhe dinheiro... E EU? ONDE FICO NISSO TUDO, CARALHO?
Não há vontade própria, há regras a serem cumpridas e cobranças de onde nem se espera.
Crescemos em meio a tudo isso, é onde entram os pudores, as amarras e o desejo (in)consciente de querer os cabelos ao vento - mesmo sendo careca.
Chego a ter saudades da infância, com sua inocência e lógica perfeitas, saídas que todos acham lindas, engraçadas, mas que se perdem quando crescemos (Por quê?). Tenho me divertido muito com o blog "Jujubas do Thomaz e da Anita" - a leitura me proporciona um sentimento de ser despretenciosamente livre.
Axé às crianças e à criança que em mim há.
Axé da natureza, que minha natureza de mim não se vá
Axé à ti, que por aqui passa e voltará.
Axé!
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DEIXEI ATRÁS OS ERROS DO QUE FUI
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que fui cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.
Fernando Pessoa.
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